Nicolás de Cárdenas/ACI Prensa.
Centenas de pessoas reuniram-se na tarde de ontem (28), para rezar o terço em Madri, desafiando a proibição da Delegação do Governo que vetou o evento.
A proibição se baseou na consideração de que a convocação não foi comunicada com antecedência de dez dias, entendendo que não existe a alegada causa de urgência que permite convocações mais rápidas.
Essas convocações para rezar o terço acontecem desde o dia 12 e se juntam aos protestos civis que estão ocorrendo nas proximidades da sede do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) há quase quatro semanas por causa dos pactos firmados para formar um governo chefiado pelos socialistas, que não venceram as eleições.
Essas mobilizações surgiram por causa do conteúdo dos pactos firmados pelo PSOE com partidos comunistas e separatistas. Especificamente, o acordo para aprovar uma lei de anistia em benefício dos responsáveis pela tentativa de declarar independência da Catalunha em 2018.
Alguns bispos espanhóis manifestaram-se a este respeito, apontando a imoralidade dos acordos. A Conferência Episcopal Espanhola manifestou, por sua vez, a sua preocupação coletiva com a escalada da tensão social e política numa mensagem na qual alerta contra acordos contrários à separação de poderes e à ordem constitucional espanhola.
Antes de começar a oração, o organizador, José Andrés Calderón, falou aos presentes da escadaria do Santuário da Imaculada Conceição, igreja que fica a poucos metros da sede do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que chefia o governo. Desde 3 de novembro, cidadãos se reúnem ali todas as tardes para protestar contra o governo.
Depois de agradecer a grande presença de fiéis de todas as idades, Alarcón disse: “Rogo-lhes, aconteça o que acontecer, continuem rezando”. Em torno dos manifestantes havia forte presença de Unidades de Intervenção Policial (UIP), tropa de choque da polícia em Madri.
“Demonstremos que o povo espanhol só se ajoelha diante de Deus e da Santíssima Virgem Maria”, disse Calderón, provocando aplausos dos presentes.
Um padre, identificado como padre Montes, falou no meio da oração para lembrar que foi “um ato de reparação a Deus” pela proibição de rezar. “Depois, rezamos pela Espanha, como é lógico. E, depois, cada um, pelas suas intenções particulares. Isto é o que me parece que devemos ter em mente para que este terço seja o mais vivo possível dentro de nós”.
Sem medo de “rezar na rua”
A oração ocorreu sem problemas. Além das orações habituais, foram acrescentados pedidos pela Espanha. No final da ladainha lauretana, os fiéis cantaram a Salve Regina.
Ao final do evento, Calderón disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que “há uma Espanha católica que não tem medo de rezar nas ruas”. “Devemos ter orgulho de quem somos, porque a nação espanhola não pode ser compreendida sem a Cruz, por mais que queiram nos impor religiões políticas”, acrescentou.
Oração do terço em frente aos policiais
Quando parecia que tudo havia terminado sem incidentes, os ânimos se exaltaram quando se espalhou a notícia de que o organizador do terço estava sendo preso. A verdade é que os policiais o abordaram para informá-lo de que iriam propor que ele fosse multado por não cumprir a proibição da Delegação do Governo.
Enquanto os agentes conversavam com Calderón, os manifestantes reuniram-se à sua volta gritando “liberdade, liberdade” e censurando a polícia pelas suas ações.
Calderón confirmou naquele momento à ACI Prensa que, embora “tenham evitado fazê-lo no meio da oração” para evitar um tumulto maior, “eles cumpriram o que ameaçaram”. Calderón denunciou que a Espanha tem “um governo tirânico, que impede os católicos de rezar nas vias públicas”.
Fonte: ACIDIGITAL